
Depois de ler um artigo fantástico e espectacular (mas de um modo negativo) da revista Sábado, aqui estou eu para partilhar ideias. Já agora deixem que me apresente, sou o Ribeiro, Vasco Ribeiro. Este artigo intitulado “ Festas até cair”, deu-me uma noção que eu somente desconfiava. Os jovens consomem drogas e muito álcool. Devem estar a rir, pensado; “ Mas este gajo onde estacionou a nave? Claro que os jovens consomem drogas e álcool.” No entanto, se eu estiver a falar de crianças de 10, 12 e 14 anos a coisa já muda de figura. Como breve introdução digo que existe uma crescente número de pessoas (faixa etária 10-18anos) que cada vez mais cedo começa a consumir drogas e álcool, no entanto o fenómeno Sexual aparece também interligado. O que vos quero “falar” é sobre a vida sexual que estes jovens levam. Pareço um pároco, mas não quero nada com essa gente. Existe uma corrente de maneiras de estar na juventude de hoje em dia. bem diferente de outros tempos. As miúdas e os miúdos munidos da moda dão largas à imaginação e aos sentidos. Vou transcrever algumas passagens deste artigo, comentando-as.
“… Entre as 16H e as 19H, elas tocam à campainha com um visual irreconhecível, tal é a produção de maquilhagem, decotes e penteados. Eles adoptam um estilo mais casual, com roupas largas, (…) calças de ganga descaídas que deixam der os boxers. Mas depois do jantar e das bebidas energéticas de cafeína e vodka, já ninguém liga às aparências. (…) Depois passam para a cocaína. (…) Em cima da mesa de vidro, os miúdos dividem as linhas de pó branco com um cartão Multibanco e aspiram-na com palhinhas de sumo ou de pacote de leite, para não sangrarem.”
Este excerto reflecte a classe média e alta e as idades que rondam os 12 e 14 anos. Penso que é bastante grave, jovens com este tipo de comportamento. Não ficaram um pouco curiosos de saber porque é que eles aspiram o pó com uma palhinha? Caso contrário ficariam a deitar sangue pelo nariz, pois a coca queima os vasos sanguíneos das narinas e os pais poderiam desconfiar. Esta aprendi hoje, quando li a revista. Parece-me que tudo é estudado ao milímetro para não levantar qualquer tipo de suspeitas. Estas mentes já em tenra idade têm esquemas de adultos. Eu com 12 ou 14 anos, só jogava futebol e via o Clube amigos Disney. Arrepiante, não?
“… As raparigas como Margarida tomam a iniciativa. Perante a plateia masculina, já eufórica sob o efeito da droga, que também desperta a libido, as miúdas dançam de forma provocante, dão beijos, acariciam-se entre si e despem-se (…). “Vai rolando um clima”, dizem, antevendo sexo. Depois agarram nos preservativos de sabores a morango ou chocolate e seguem para os quartos, dois a dois. Não há conversas.
(…) Às 10H da manhã, elas acordam ressacadas e despidas, já sem serem virgens e sem se lembrarem do que aconteceu na noite anterior, mas com o preservativo ao lado da cama.”
Continuamos a falar de miúdas entre 10 e 14 anos. Não se iludam.
“(…) Sara, tem 12 anos e diz que os rapazes a acham “boazona”, competindo com as colegas para ver quem tem mais admiradores. Nunca há emoções à mistura, só sexo lhe “dá pica”.
É impressionante a descrição de uma miúda de 12anos.
“Era 1H da manhã e os 3 estavam na rua, “bem tocados”, a falar de sexo, (…) Já na praia a amiga estava a ter relações sexuais com o rapaz e ela, num impulso, juntou-se a eles. (…) Mais tarde, praticou 5 vezes sexo oral com a mesma amiga, embora não tenha dúvidas sobre a sua orientação: “ Não sou bissexual, foi só uma experiência.”
Penso que, impulsos todos nós temos, principalmente em tenra idade, mas existe um grande risco quando sem consciência, já levada pela droga e bebida se entra num comportamento de risco sexual sem qualquer tipo de protecção. Quem nunca fantasiou ter sexo com duas mulheres (falo dos homens).
“Chumbei no 8º ano pela segunda vez, com 250 faltas. Tive negativa a tudo” Tiago, 13 anos. Motivo, Droga.
É urgente colmatar este tipo de desvios comportamentais, mas também tenho consciência da sua impossibilidade de os colmatar. Podemos dizer que a educação é peça fundamental para a estrutura mental / emocional de uma criança, mas infelizmente já não partilho dessa explicação. Já há muito que morreu para mim. Creio mais facilmente na sorte, que na educação. Os pais não podem ter controlo total sobre a aprendizagem dos seus filhos. Num mundo onde cada vez mais é difícil vingar, outros métodos se levantam para que os jovens se possam afirmar. A droga, o álcool e o sexo são uma mistura explosiva que torna a vida mais curta e sem grande futuro para os miúdos. Culpo principalmente a televisão que explora ao máximo a droga, o sexo e o álcool e sendo as crianças esponjas dos sentidos, não acho estranho que se possam tornar assim, tão desligadas de sentimentos e tão desligadas de um mundo.
Este artigo pode ser visualizado na Revista Sábado 17 Janeiro 2008.
Aquele abraço,
Vasco Ribeiro
5 comentários:
épa, também não acho nada normal. Mas´acho que grande parte da culpa é dos pais. Pais que por terem tido liberdade e responsabilidade para a viver acham que a educação permissiova é a adequada. Esquecem-se que foram educados de forma rigida e que foi a sua luta pelas pequenas coisa que formou as personalidades que têm.
Cá eu nessa idade não teria oportunidade para fazer essas coisas.... Umas "festas de garagem" à tarde era o máximo a que aspirávamos.
No fundo os miúdos são como nós fomos. querem um pouco mais do que lhes é permitido... e depois, qdo TUDO é permitido, eles vão um pouco mais longe.
Se sobreviverem, pode ser que um dia queiram descobrir aquilo que ainda não conhecem: limites!
beijos
Estou chocada! Não li o artigo, mas depois dos excertos, sinto-me uma verdadeira Velha do Restelo.
Onde é que isto vai parar?
O contacto que tenho com jovens desta idade, normalmente acontece no Verão, quando, em desespero de causa, por não haver mais nenhum sítio de jeito para onde ir dançar, decidimos , eu e os meus amigos cotas, ir dar um pézinho de dança ao Clube K, Vilamoura.
Já na fila, presenciei um dos episódios que mais me fez rir durante todo o Verão.
À nossa frente estava um grupo de miúdos, entre os 14 e os 17 aninhos, 4 rapazes e 2 raparigas. Já se sabe que a diferença numérica entre géneros no mesmo grupo faz com que a entrada muitas vezes seja recusada pelo mais empedernido dos porteiros.
Então, um dos rapazes instruía a rapariga:
- Se eles nos barrarem, diz que estás hospedada no Santa Eulália e que comes UMA maçã durante TODO o dia.
Eles têm consciência do preconceito à sua volta. E gozam saudavelmente com isso.
Uma vez lá dentro, todos os miúdos são mais novos que nós. Os pais estão no Kasablanca (mesmo ali ao lado) e os filhos estão no Kapa (como costumamos dizer).
O que salta mais à vista, comparando com a altura em que comecei a frequentar o Kapa, é a diferença na maneira de vestir das miúdas e dos miúdos.
As miúdas são mais altas, todas com corpos de modelos, curvilíneas. Usam tops com decotes provocantes e cores garridas, ou o clássico preto. O branco, credo, faz-nos mais gordas. As calças são de cintura descida e justas, quando há calças. Este ano era um desfile de mini-saias (e quando digo mini é mesmo mini) e calções curtos. Pernas perfeitas. Nada de celulite. Não são deste planeta.
Fumam (sabe-se lá o quê), nunca deixam o copo aquecer. Às vezes pergunto-me como é que elas conseguem agarrar no cigarro, no copo e no miúdo, tudo ao mesmo tempo. É arte, meus amigos, arte pura!
No meu tempo, as meninas iam de calçinha branca e sandaloca preta, um top discreto e uma maquilhagem leve. O que valia era a maneira como dançavamos e cantavamos. Isso é que os deixava loucos.
Os miúdos hoje em dia só diferem na maneira de vestir e de investir. No meu tempo, era a camisinha Ralph Lauren, o 212 e os chinos a condizer com as velas. Hoje em dia, são as calças a caír e as t-shirts, todas umas por cima das outras. O cabelo desalinhado mas da moda.
No investir, até eu fui alvo este Verão. Não interessa se estamos acompanhadas por 10 homens todos mais velhos. Eles acham sempre que eu fui com os meus irmãos mais velhos. Tenho ar de miúda. Um deles, agiganta-se de coragem e vira-se para mim, põe a mão sobre a minha que estava por sua vez sobre um Metz e pergunta "Tás quase a acabar esse. Queres que te traga outro? Gosto de te ver fresca!!!".
Oh, Meu Deus, tinha idade para ser Mãe dele. Ri-me. Não havia resposta possível...
No meu tempo, os miúdos acabavam a noite na piscina e depois íamos todos aos elementos (uma longa história, que mete padarias abertas até de manhã e concursos de virilidade sobre quem conseguia comer mais).
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Bem, eu concordo com a "iv"... ESTOU VELHO! Mesmo muito velho!
Eu, que tive umas infância e adolescência tão liberais mesmo sendo filho de uns paizinho já com idades avançaditas em relação ao normal, nunca teria audácia de fazer este tipo de coisas!!
Bem, no meu tempo também não havia todo o tipo de "cenas" que por aí proliferam como cogumelos em terreno húmido, é um facto. Mas também havia quem fumasse o seu charro ou apanhasse a sua bebedeira. Eu próprio apanhei a minha primeira bebedeira com doze anos, num casamento. Eu e mais dois da minha faixa etária. Mas foiuma vez sem exemplo e só voltou a acontecer depois da maioridade, creio.
Concordo com a Patrícia quando diz que a culpa é dos paizinhos. Em grau, núemro e género! Havia de ser o filho dos meus pais que andava com a roupa a cair do corpo e aos tropeções com as "grandes mocas"!! Era o andavas! Não me livrava de uma bela sova e de uns quantos anos de clausura, de certeza.
O grande mal, quanto a mim, é que os pais dessas crianças - que são da minha geração ou pouco mais velhos, meu Deus!! - permitem-lhes tudo o que lhes foi negado a eles quando eram da idade dos filhos. Esta gentinha não terá ainda chegado à conclusão que a injustamenhte chamada "geração rasca" que hoje são trintões como eu, só é o que é graças à educação restritiva e regrada que os pais lhe deram?!
Uma coisa vos garanto: se um dia vier a ser pai vou seguir o exemplo que tive em casa. Olhem que eu nem sou assim tão mau ser humano quanto isso... Acho eu! LOL
Acho que é altura de fornecer uma visão interna deste mundo...
Eu tenho 16 anos, saio à noite, tenho uma média alta, já vivi a vida (lol) e tenho amigos. Além disso, tenho desporto duas vezes por semana.
Uma coisa vos digo: a culpa não é dos pais, é dos filhos. Eu tenho uma família espectacular com quem falo muito abertamente e ainda assim arranjo problemas... Já fumei ganza, já bebi ao ponto de perder consciência, quando saio, fumo...
O motivo de sairmos, pelo menos na minha modesta opinião, é de nos esquecermos de tudo. Os adultos dizem sempre que os jovens têm uma vida calma, sem preocupações. Por favor!
Temos que ter boas notas e ao mesmo tempo ser rebeldes para não sermos postos de parte, temos que estudar, fazer trabalhos de casa para milhentas disciplinas, trabalhos de grupo, ter namorada, fazer desporto, ter um grupo de amigos, boa roupa e beleza, TUDO isto em 24 horas.
Por isso mesmo nos assemelhamos a adultos, porque não temos tempo para nada. Para esquecermos os stresses, saimos, bebemos, ficamos pedrados, mas porque escolhemos.
Logo, não tirem a nossa responsabilidade nos nossos actos.
Somos estúpido e Ponto final parágrafo...
Temos essa consciência... Eu tento mudar, mas ainda sou adolescente, por isso...
Olá!
Descobri este blog porque fiz uma pesquisa na internet acerca da reportagem em causa. Estou de momento a terminar a minha licenciatura e um dos trabalhos finais para uma das cadeiras vai incidir muito em particular sobre a reportagem "Festas até cair". Tenho 20 anos, uma idade que não é assim tão distante das idades mencionadas na revista Sábado e fiquei igualmente chocada. Contudo consegui aperceber-me (porque é esse o objectivo do trabalho - perceber como os media abordam os jovens, neste caso específico no que se refere a comportamentos e consumos - da forma (fenomenal)que a revista conseguiu influenciar a opinião dos leitores. Pareceu-me a mim, que os jovens em causa foram retratados como pequenos imbecis, irresponsáveis, fúteis e premíscuos. Mas pensemos... será que eles gostam de ser assim? Será que isso os faz felizes como eles aprentam/julgam/fingem ser? Apesar de fazerem as escolhas deles há que ir muito mais longe - o meio em que se inserem e todo um background familiar/psicológico-emocional tem, de facto, influência no comportamento dos jovens. É pena que a reportagem em causa, embora de qualidade, se tenha limitado a uma abordagem superficial da questão, fazendo perguntas aos jovens, esperando aquelas respostas. Que tal fazê-los pensar no porquê dos seus comportamentos, em vez de os expôr? Em vez de focar o consumo de coca, o sexo e as festas (o que pode, para jovens igualmente vulneráveis ao ler a reportagem, dar ideias e acharem que é uma coisa banal), que tal focar o facto de que estes jovens, mesmo que inteligentes («frita com cultura» - como mencionou uma das raparigas entrevistadas), mesmo que ricos e com uma vida aparentemente estável, escondem graves fragilidades? E mais, que tal tentar saber como é que crianças/jovens destas idades adquirem álcool (não é proíbido?) e como é que sabem onde circula a droga.
Embora de qualidade, acho que não há uma busca de solução apresentada e isso sim seria fazer jornalismo de qualidade, ao invés de se tentar chocar os leitores com as drogas que consomem e com o sexo e tipo de sexo que praticam. No mundo dos adultos acontece exactamente o mesmo e é igualmente preocupante - a questão é perceber o porquê de jovens desta idade o fazerem. E não me digam que é por serem uma geração rasca, perdida, serem irresponsáveis ou terem pais ausentes, apenas.
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