Lengalengas

Quais, quais?

Oliveiras, olivais,

Pintassilgos, rouxinóis,

Caracóis, bichos "móis",

Morcegos, pássaros negros,

Tarambolas, galinholas,

Perdizes, codornizes,

Cartaxos e pardais,

Cucos, milharucos,

Cada vez há mais.

Esta é uma lengalenga que ouço desde miúdo e que gostava de partilhar com os meus companheiros de escrita e com todos os leitores deste blog. Há coisas que não vêm nos livros da escola nem noutros livros e que passam de geração em geração por via oral, de pais para filhos, de avós para netos ou, como neste caso, entre amigos.

Deixo-vos com mais uma, a minha preferida:

A arvelinha pequenina

Que nesta terra é estrangeira,

Veio fazer a sementeira

Para comer a minhoquinha.

Assim que se achou gordinha

Foi para a sua terra outra vez.

E o cartaxo era maltês,

"Garreou" com o papa-figos.

O lobisomem, que era amigo,

Veio acudir à "garreia".

Trazia a barriga cheia,

Fizeram dele um tambor.

E o mocho, que era administrador,

Pôs com eles na cadeia!

Lindo, não é? A cultura popular é fantástica. Não sei se estas lengalengas são exclusivas do Alentejo ou não mas a minha mãe aprendeu-as na terra onde nasceu, a linda vila de Castro Verde.

Estas lengalengas, em especial a primeira, têm um ritmo próprio, pelo menos assim as aprendi. Prometo ensinar-vos, boa?