terça-feira, 15 de julho de 2008

ele há coisas que não lembra ao diabo!

Num bairro da capital de Portugal houve uma rixa entre iguais. Sim, porque foi isso que me ensinaram desde pequenina: somos todos iguais. Claro que hoje sei que somos uns mais iguais que outros.

Num bairro da capital houve uma rixa. E agora metade das pessoas do bairro saiu da sua casa. E pedem protecção e novas casas. E a culpa é da vizinhança. E de quem lhes deu a casa. (hummm, cá eu comprei a minha….. ou melhor, vou comprando com a ajuda do banco). Mas quem foi o iluminado que achou que pessoas de etnias diferentes podiam conviver? Talvez alguém que, como eu, ache que somos todos iguais. Que tolos somos.

Mas a culpa de quem é afinal? Quem são os bons e quem são os maus? Os indefesos, que devem ser defendidos pelo estado, que devem ser realojados num T2 com vista para o mar? Que se é para dar, há que dar algo com qualidade! E que seja num bairro “bom”, sem os outros. Os tais que entraram em rixa com eles.

E eu penso: “o que me faria sair da minha casa? “ Nada, que se saísse não teria para onde ir. Ninguém me daria uma casa (digo e repito, que a minha comprei eu… ou vou comprando!). Mas também eu faço parte da maioria. Daquela maioria que está endividada, que todos os meses retira parte do ordenado para pagar as contas…
Se eu fizesse parte da minoria, de uma minoria qualquer, teria privilégios. Porque seria uma coitadinha, parte de uma minoria, e portanto teria direitos. Que isso de fazer valer os seus direitos todos sabem.

Num bairro da capital houve uma rixa, e ouvi uma frase gira : “para aquela casa, naquele bairro, eu não volto. Prefiro viver debaixo da ponte!”. Bom se assim é, eu não tenho nada contra. Ó Pessoal das minorias, vagou uma casa, alguém quer?

… o quê?! Afinal quem de lá saiu vai ter que voltar? Ups… não há direito. Obrigam-nos a ficar com a casa? Não quero, não quero, não quero…. Que isso de “a cavalo dado não se olha o dente” não é para mim…. Cá eu quero um T2 virado para o mar…..

(esta história já me está a irritar um bocadinho…)

5 comentários:

Vera disse...

Ah pois é... essa história, só assim de surra, faz valer como reais alguns provérbios e expressões populares... tipo "dá-se a mão querem logo o braço"..."pobre e mal agradecido", "anda meio mundo a querer comer o outro meio"... Enfim... e o pior é que ainda se vão dar bem, aliás, outra coisa não será de esperar. Sempre foi e sempre será assim... é o "desconcerto do mundo" no seu mais alto nível.

GrayWolf disse...

Uma troca de chapadas entre marido e mulher de etnia Cigana levaram a um conflito Armado entre diferentes culturas..

Segundo o que me venderam, este foi o motivo para alegremente andarem a cravar balas em predios, carros e vá... pessoas...

Um acto mui nobre, defenderem uma senhora de uma tareia monumental... Tal acto seria "normal" numa sociedade "normal" e institucionalmente "europeista"... o único problema, é a cultura cigana ser completamente diferente da cultura Europeia... Deveriamos impor a lei do "bater nas pessoas, especialmente nas mulheres é feio e não é aceitável numa sociedade evoluida como a nossa"? Criticamos os EUA pela imposição religiosa nos paises árabes e fazemos o mesmo aos ciganos??!?? Ou a resposta comum será o "é diferente..."?

(Só este Tema daria azo a muita discussão e a muita azia...)

Mas eu sou Português, por isso vamos partir do principio em que o normal Português pensa... há um grupo que controla o tráfico de Droga e passou a ser ameaçado pelo outro... e pimba, vão todos para a rua cravar de balas os prédios e os carrinhos... os Carros até nem me incomodam, porque nas imagens, a maior parte dos "abatidos" já devem fazer parte do programa de abate de veiculos em fim de vida patrocinado pelo Estado Português... o estrago foi minimo! Vá, tá bem, vou ser verdadeiro... Também não me preocupo muito com as casas... os prédios são feios, as cores berrantes, e não concordo de todo com a ideia de bairros sociais, por isso se os predios desabassem não me sentiria triste...

No meu entender, e seja lá qual for o motivo, o que se passa na Quinta da Fonte (é este o nome da quinta????), é um pouco mais grave que o próprio acto em si... a televisão mostra a noticia: "tiros e conflitos entre etnias que nunca se deram bem"... Hummmmm.... mas o que poderá ter levado a tal acontecimento? A suposta cena de pancadaria, ou tráfico de Droga, Armas, ou outra "parvoice" qualquer? E de quem é a culpa de tal ter acontecido?

A culpa é única e obrigatóriamente do Estado Português!

O Estado Português tem a OBRIGAÇÃO de zelar pela sua população, CONTRIBUINTE OU NÂO... quer se queira quer não! O Estado obriga-se a manter Cuidados médicos minimos (perceberam esta, não perceberam???), a criar ampregos, blá, blá, blá, e a cuidar das minoria e étnicas...

Não se pode culpar o Estado por ter "oferecido" casas aos desalojados, que viviam em barracas e tinham ratos em co-habitação com as crianças... O motivo do Bairro existir até é aceite pela grande maioria dos Portugueses, apesar de (muitos considerarem injusto), as rendas serem muito mais atraentes que aquelas que os Portugueses pagam aos Bancos pela sua humilde casa...

Infelizmente, o grande problema por que todos os Estados evoluidos passam, é a politica Social... Não há forma de conseguir implementar uma politica justa e correcta para gregos e troianos...

Para além disto, existem mais três graves problemas por que um Governo passa obrigatoriamente... a oposiçao (e que termo correcto... nunca estão de acordo, fazem sempre mais e melhor, excepto quando estão no poleiro), as ONG's de apoio social (que seriam muito mais produtivas caso a maior parte dos seus dirigentes não fosse como os politicos: otários), e nós próprios enquanto seres individuais...

Quanto à oposição, o primeiro passo foi criar uma comissão (foi não foi? É sempre...), para avaliar o que na realidade aconteceu... Não se vai avaliar a politica de reinserção social, nem a politica de realojamento, porque é um assunto delicado e duraria no minimo 52 mandatos....

Quanto a ONG do desalojado guineense, vai já dizer que andam há muito a pedir uma esquadra e que os ciganos cantam muito, e não se percebe porque a melodia não é estilo "morna"... ah, e que eles traficam armas e produtos contrafeitos...

E nós pensamos o normal: "estes gajos têm casas à borla e reclamam??!?!? Têm carros e carrinhas novas?? E têm em média entre 6 a 12 filhos, com esta recessão???

Ou seja, nenhum dos 3 "problemas" do Estado apresenta uma solução viável!! E nem o Estado consegue solucionar o problema, porque o Estado é consituido pelo 3º problema atrás mencionado... O Governo de um país, é o reflexo da sua própria população...

Mas eu, Graywolf, tenho uma soluçao... pacífica, linda e qui çá ecológica ao fim de uns anos! Criar um muro à volta do bairro estilo Israel com a Palestina... e depois do muro estar pronto era enchê-lo de agua... mas esta solução não era viável politicamente... caíam-me os 3 problemas relatados anteriormente em cima num instante...

Fora de brincadeiras, existe uma mini soluçao para terminar com estes guetos à Portuga... Existem alguns milhares de fogos habitaçionais em prédios estatais (e privados) vagos que poderiam ser negociados e ocupados.

Como?

Da mesma forma que são criados estes bairros sociais de custos controlados, e que por norma acabam por custar mais ao Estado e (por lógica aristotélica) a moi meme, por que não DISTRIBUIR os fogos vagos por estas familias necessitadas?... Bom, parece-me óbvio que se num bairro dito "normal" for inserido uma familia cigana, ou guineense, o rácio de problemas não só diminui como a socialização/aculturação acaba por acontecer mais rapidamente... e dividindo a quantidade de bairros na zona de Lisboa, pela quantidade de familias necessitadas, a Quinta, desta vez, da Marinha pode ficar descansada que não receberá nenhum vendedor da feira de Carcavelos...

MAS...

Partindo do pressuposto que esta Ideia (quase tão brilhante como aquela do muro), serve e encaixa maravilhosamente na mentalidade do EUROPEU comum, mesmo assim, traria alguns problemas... A oposição lembraria que não se fazendo bairros sociais, não haveria um lobby (eu disse lobby?!?!?), satisfeito... o da construção... que aproveitaria logo para informar e fazer uma greve porque 300 pedreiros, electricistas e serventes perderiam o emprego porque o encaixe de 10 milhões de Euros de investimento estatal deixaria de existir....

ahhhh... e lembrei-me de outro assim de repente...

Os otários das ONG's, lembrar-se-iam depressa que "ah e tal, não se deve impôr às familias carenciadas as vontades de um governo, e não é justo que uma familia cigana que trabalha na feira de carcavelos, tenha de murar na buraca... e os primos que se dão tão bem e são o suporte da familia moram na amadora...ah, e a cultura cigana é importante para a nação, e naquele prédio em que foram colocados, não se pode ter animais de estimação... o que é que eles vão fazer às galinhas???"

hummmmm.... ainda existe outro...

O Português que mora no 4º esq, do Número 2 da avenida 1º de maio em massamá, não gosta muito do vizinho guineense, porque põe Mornas em altos berros...

enfim...

Acho que perceberam o meu ponto de vista... no meio de tanta conversa, o problema principal e único é: MENTALIDADE!


Talvez a maior parte da População Portuguesa não veja o verdadeiro problema na reportagem televisiva... Ambas as Etnias, ambicionam o mesmo... alhearem-se e viverem sós e fechadas em si mesmo... estas minorias étnicas procuram ansiosamente o maior erro já comprovado no passado.

Viverem num bairro apenas composto por si próprios, não traz evolução nem cultura. traz prisão e a mesma sensação de insegurança... Não existem relatos por não serem "relevantes" ou "rentáveis", mas é sabido, que tiros, mortos, esfaqueamentos e sabe-se lá que mais existem em acampamentos ciganos por familias de ciganos rivais... não vale a pena fecharem-se a sete chaves protegidos por arames farpados, que a segurança não existe na mesma...

As ONG's parecem obcecados num proteccionismo otário, sem se preocuparem em educar...

Mas como podemos obrigar alguem a evoluir (educar) se não existe Vontade no educando?

Então... devemos impôr?

...

you get the point, right??

...são fodidas as politicas sociais....


ps - existem muito mais referências à Etnia cigana, que à guineense... foi propositado porque sei que se torna mais fácil ler assim... a comunidade guineense (que nem sei se é a do Bairro), é sempre mais bem aceite que a cigana.... existem estudos que comprovam que mais depressa aceitamos um "negro" que um cigano...

Cheila C.C.C. disse...

Confesso que me sinto um tanto ou quanto indecisa sobre se hei-de comentar o Post da Patrícia, ou o comentário do Graywolf (vulgo, "Mon-Xu").

No meu entender, toda e qualquer opinião/atitude extremista deve ser sempre evitada, principalmente quando o cerne da questão são seres humanos. Sejam eles escarumbas... Ciganos... Monhés... Sportinguistas... Ainda assim, tratam-se de seres humanos!

De qualquer forma, uma coisa é inegável: Eu, se quiser ter o Meu espaço, tenho de pagar (e bem) e, por isso mesmo, abdicar de muitas e muitas coisas que me fazem falta ou, simplesmente me dão prazer... Tal parece não acontecer com as minorias étnicas a que nos referimos. Este estatuto, por si só, parece conferir-lhes uma série de direitos que escapam ao comum dos mortais: traficar droga nas "barbas" da policia; passear na rua de arma "ao pescoço"; disfrutar de uma bela casa a custo zero; ter um Mercedes estacionado à porta (Paulo, presta atenção e verás que nem todos os carros estacionados nos bairros ditos "pobres" - essencialmente de espírito - estão prontos para "abate"); e acima de tudo, bater o pé, fazer birra, e exigir um novo T2. Com alguma sorte, este será, se não com vista para o mar, quem sabe, talvez, num qualquer spot Lisboeta... Como por exemplo, o centro da Graça lisboeta?! O mais triste de tudo isto, é que estes "senhores" nem tão pouco sabem aproveitar aquilo que a vida lhes oferece, e então resolvem deitar as paredes abaixo e colocar lençóis no seu lugar, criar burros na casa de banho e plantar couves na banheira. Continuando na senda dos ditos e expressões populares, eu diria que é o mesmo que dar pérolas a porcos.

Não quero com isto dizer que elejo a comunidade africana como sendo o ex-libris das minorias. Até porque, convenhamos, eles começam a ser tudo menos uma minoria (passem pelo Prior-Velho City e logo perceberão do que estou a falar). O que acontece é que os africanos parecem ter uma qualquer particularidade física que muito os ajuda no entrosamento com a classe das "brancas e bem cheirosas" (dai que cada vez seja mais extensa a classe dos "mulatos" e menor a dos "pretos"). Aliado a este facto, temos a maior proximidade cultural dos mesmos com o mundo que os rodeia, ao contrário da comunidade cigana onde, segundo consta, é quase impossível penetrar. Pois é Paulo... É tudo uma questão de mentalidade.

Em jeito de conclusão, passo a citar o meu Pai que costuma colocar negros, ciganos, monhés, árabes, etc... Tudo no mesmo "saco" (só lhe escapam os Sportinguistas). E a sua solução, apresentada sempre com um sorriso sádico estampado no rosto, é muito simples: "...era colocá-los todos juntos no Maracanã em alto mar e explodir com eles". Pai... Less is more... Um dia tenho de explicar isto.

Paulo, estamos esclarecidos em relação à maior aceitação social da classe negra face à classe cigana... Certo? É que os ciganos "só"... "cheiram mal"... Os negros, além do cheiro a catinga... Trazem bónus.

Patrícia, excelente Post!

Aninhas disse...

É verdadeiramente incrível aquilo que temos visto na TV acerca desta história: então agora é legítimo andar aos tiros no meio da cidade, ainda por cima com imagens que o comprovam,e depois ter a "cara de pau" de se ser entrevistado, dizendo que são uns "coitadinhos"?
Ando eu, e a maioria dos contribuintes, a pagar impostos e a trabalhar para poder ter alguma qualidade de vida...e depois temos de sustentar bandidos?? E bandidos que andam de mercedes (eu ando de opel que nem sequer é meu), que ñ pagam rendas, recebem rendimentos mínimos e ainda vão buscar máquinas de lavar à seg. social?? Eu tenho um frigorífico com 10 anos e a mim ninguém oferece um novo!
Acho bem que vão todos morar para debaixo da ponte...gente pobre (de espírito) e mal agradecida!

Nuno Duarte Revés disse...

Para além de concordar com muito do que foi escrito - confesso que algumas partes foram lidas perfeitamente na diagonal - gostava só de deixar uma pergunta no ar (porque tenho conhecimento de vários casos, atenção!):

ISTO SÓ ACONTECE COM PRETOS, CIGANOS, MONHÉS E AFINS?!

Resposta: NÃO!

Eu morei durante 14 anos junto a bairros sociais onde CAUCASIANOS tomavam banho em alguidares (não mais de uma vez por semana, claro) e usavam a banheira para plantar alfaces e couves (eu vi!); como forma de poupança de água, os autoclismos eram descarregados UMA vez por dia, numa casa com 5 e 6 pessoas. Entres outros casos, estes eram alguns.

Pelo contrário, 200 metros ao lado, vivia uma família cigana (ramo dos conhecidos Maia e familiares dos "Ciganos d'Ouro") que era 5 estrelas. Eu próprio cheguei a entrar naquela casa onde tudo tinha o seu lugar.

Tenho um amigo preto (e a Pat também!) que adoro e que é o mais "anti-preto" que pode haver. Cresci no meio dos ciganos e nunca me fizeram mal algum. Pelo contrário, o nome do meu amigo Popó (o verdadeiro nome é Vítor...) já me livrou por 2 vezes de situações mais embaraçosas.

A questão básica é apenas uma: exclusão social. Exclusão que TODOS nós fazemos e que ELES também fazem. A culpa não é do Estado! Imputar culpas ao Estado "porque pagamos impostos" é o mais fácil, de facto. O racismo e a exclusão social só acabam no dia em que deixarmos de tratar as pessoas pela cor da pele, pelo perfume que usam (ou não...) ou pela zona do mundo onde nasceram. Nessa altura teremos todos uma grande moral para falar sobre o problema das várias "Quintas das Fontes" que vão havendo por esse MUNDO fora (sim, não temos em Portugal a excluisividade destas "pérolas", infelizmente).

Não obstante tudo isto, a minha sincera opinião é: eles lá, eu aqui! Porque também ainda não sou capaz de os tratar a TODOS pelo nome próprio.

B&A