terça-feira, 10 de junho de 2008

Rock in Rio... ou a exploração das massas

Já queria ter escrito sobre o Rock in Rio - Lisboa desde... a 1ª edição em 2004! Este ano este "festival" passou-me ao lado (excepto quando cortaram a 2ª circular para "plantarem" uma guitarra da Vodafone na berma), uma vez que me ausentei do país quase no início desse evento, e, a falta de tempo para ver TV poupou-me dos sucessivos anúncios do "Eu vou" que devem ter passado incessantemente (pelo menos nas outras edições assim foi).

Ora bem, considerando-me uma pessoa que já foi a uma quantidade razoável de concertos ao longo da vida, sinto-me no direito de me pronunciar quanto à qualidade (fraquíssima) deste evento. Sim, prefiro chamar-lhe "evento", porque de festival (de música) tem muito pouco...

Começamos logo pelo nome: Rock in Rio. Ora, verificando que de "rock" tem pouco ou nada, e de "Rio" ainda menos (só se estiverem a fazer referência ao Tejo!) partimos logo de uma premissa errada.

Depois vamos ao objectivo: "Por um mundo melhor". E eu pergunto: o mundo de quem? Só se for o mundo dos Medina... Neste contexto, o povo português, já habituado a ser a personagem em várias anedotas brasileiras, acabou por ser o alvo de mais uma. Somos peritos em cair no "paleio". E aí só tenho de dar os meus parabéns aos organizadores, porque conseguiram vender a ideia de que o Rock in Rio é um Festival de Música de Qualidade, e que é super in ir assistir. Alías, basta este segundo ponto (o factor in) para que este "festival" se torne numa romaria.

O local escolhido não teria sido melhor, uma vez que, sendo um evento, tem mais é de ter muito espaço para o pessoal passear, comer e beber. Ah, e também para ouvir música... (estava-me a esquecer desse pormenor). O problema é quando aqueles que até vão lá pela música se põem a saltar. É a nuvem de pó no ar, a roupa e o cabelo com uma tonalidade castanho-terra, a dificuldade em respirar... vá lá que a maioria do pessoal que vai (aquela malta adepta do "in") até se porta bem e acha completamente inadmissível e estranho que possa haver encontrões, mosh e afins, num concerto (!).

Quanto ao conteúdo. Bem, misturar Jamiroquai com Shakira, foi para mim um dos muitos cocktails desastrosos (e ofensivos) que têm passado por aquele palco. Mas, pelo que ouvi dizer, este ano também misturaram Rod Stewart com Tokio Hotel, portanto é óbvio que não aprendem com os erros. Depois há os habitués... Xutos, Ivete, and so on... só para tapar buracos. E para finalizar, há aqueles que são a prova evidente da exploração comercial do evento. Recordo, nauseada, o concerto de Britney Spears em playback (vá lá que a maioria dos (das) fãs nunca tinham saido de casa e acharam que aquilo foi o espectáculo do século). Nesta última edição, conseguiram ainda ser mais baixos ao aproveitarem-se vergonhosamente do espectáculo (de circo) de alguém que toda a gente sabe que precisa é de Rehab (apesar dela dizer que "não") e que, obviamente, jamais estaria em condições para actuar.

O preço: escandaloso se considerarmos um festival de música (e tendo em conta a qualidade duvidosa do cartaz), adequado se considerarmos um evento social - VIP.

"Eu fui" ao 1º (porque ganhei um bilhete de borla). "Eu não fui" ao 2º (apesar de estar em cartaz uma das minhas bandas favoritas). E tenho muito orgulho em dizer "Eu não voltarei" (a ponderar, talvez, na hipótese remota de um concerto de STP...).

6 comentários:

Vasco Ribeiro disse...

Brutal meu amor e com muita razão.
Se eu morasse em Chelas ia lá... roubar telemóveis.

Unknown disse...

ora bem.... és mazinha, mas é quase tudo verdade. E digo "quase" tudo porque eu cá gosto de Xutos.... gosto e acho que ficam bem em qualquer festival ou carnavas, como é o caso do Rock in Rio.
Eu nunca fui, nem espero ir. Demasiada confusão para o meu gosto e demasiado caro para a treta que é.

beijinhos

Vera disse...

Não está em causa se Xutos são bons ou maus. O que eu disse é que eles são uma das bandas/artistas que fazem sistematicamente parte do cartaz (sempre devem ser mais baratos) e acho que isso acaba por ser negativo pois dá a ideia de que são "usados" pq precisam de mais alguém, e não por serem uma boa banda para a qual alguém esteja disposto a dar 50 euros pra ver. Para um "festival" com tanta "fama" acho que deviam variar um bocadinho... Foi nesse sentido que eu me referi a eles. :)

Cheila C.C.C. disse...

Vera!
Tu tardaste, mas arrecadaste!
QUE GRANDE POST!
(o facto de eu ter sido voluntária na 1ª edição não conta naaaaaaddddaaaaa)

Sou obrigada a concordar que a selecção musical tem sido muito fraca em todos os festivais, mas ipor ainda do que a selecção é o mix que eles fazem em cada um doa dias...

Mas o mais espectacular do teu Post é eu ter constatado que existe em ti um pouco de gato fedorento!!!!!!!! Vou publicar, de imediato, a crónica que RAP escreveu sobre o Rock in Rio, mais propriamente, sobre a Amy, e bejam lá se esta miúda não "está lá"!!!!!!

Excelente!
Adorei!

Cheila C.C.C. disse...

Epá afinal não colocar aqui o Post do RAP porque não dá para copiar e escrevê-la "à la pata" não tenho paciência. Mas aconselho vivamente que leiam!

Mas vera, ainda assim, não chega aos calcanhares do teu post... :P

Mais uma vez, gostei muito!

Nuno Duarte Revés disse...

Bem, esta miúda, vai lá, vai... Xiça!! É rentinho!!

Eu cá nunca fui e não faço contas de ir. Pura e simplesmente porque para ver um ou outro artista não vou pagar quase 60€! Tenho mais em que gastar o guito, obviamente. Além disso, ser num espaço de terra batida em que as nuvens de pó abundam (creio!) não me parece assim muito convidativo... É que a malta aqui no deserto tem areia... mas não anda a snifar pó por prazer. E, muito menos, paga para tal!

Por acaso, ao que já sei, no próximo dia 14.09 vou estar exactamente no mesmo local do RIR mas para assistir ao concerto de Madonna. Até lá, pode ser que relvem o local... LOL

Bjs e abraços.